Em meus estudos e leituras, uma das 'coisas' sobre as quais tenho me debruçado um pouco é sobre o que podemos colocar dentro da palavra "experiência".
Para que isto?
Para formar, para mim, um conceito do que é isto e poder escrever a minha tese marcando este "lugar", embora saiba de antemão que os efeitos de sentido do leitor poderão ser múltiplos e que isto também faz parte de meu texto. É como se eu quisesse ter um "lugar" de apoio. É isto.
Neste percurso intelectual tive oportunidade de conversar cara a cara com Jorge Larrosa, filósofo e professor espanhol, com quem me encontrei em Barcelona, conforme já sabem um pouco da história em texto postado anteriormente.
O Larrosa é o cara que construiu uma definição de experiência que, para mim, é - por enquanto - a melhor. Sabe aquela situação de quando ao ler o que alguém escreve ficar com a legítima sensação de que é exatamente aquilo que você pensa e mais, que aquele jeito que escreveu é o melhor?
Quando leio o que o Jorge escreve sobre a experiência é isto o que me acontece.
Então...
Relendo um livro dele outro dia, em um trecho eu disse ao Fabio: estas palavras precisam ir para o blog porque diz do que sinto com a própria existência do blog e o que tem feito conosco, provocado em nós e nos outros.
Então... (rs)
Aqui estão as palavras que desejo (e o Fabio também) com-co-partilhar com vocês:
"... a experiência é o que nos passa e o modo como nos colocamos em jogo, nós mesmos, no que se passa conosco. A experiência é um passo, uma passagem. Contém o "ex" do exterior, do exílio, do estranho, do êxtase. Contém também o "per" de percusso, do "passar através", da viagem, de uma viagem na qual o sujeito da experiência se prova e se ensaia a si mesmo. E não sem risco: no experiri está o periri, o periculum, o perigo".
LARROSA, Jorge. Nietzsche & a Educação. Trad.: Alfredo Veiga-Neto. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. (Pensadores & Educação, 2). p.66-67.
Bj, Cláudia
Um comentário:
Certamente vocês estão viciados nessa experimentação toda! Sim, pq experenciar vicia, quero dizer, afinal, depois da morte, a maior certeza que podemos ter se relaciona intimamente com as sensações proporcionadas pelas experiências q vivemos. Pensando sobre este aspecto: é possível controlarmos, dominarmos as experiências pelas quais passamos? Duas palvras em inglês sugerem duas boas respostas: sometimes ou perhaps... Se fossemos sós no mundo poderíamos controlar, ou seja, apenas um indivíduo, sem outras pessoas, sem animais, sem plantas, sem o ar, sem nada, sozinhos poderíamos dominar. Ao nos relacionarmos com uma infinita gama d outros seres, q tbm experenciam situações, perdemos completamente o controle. Passamos a reger apenas o q sentimos em relação às experiências q nos envolvem... Não é à toa q existem vastos e variados trabalhos científicos (incluindo escritos d grandes mestres) sobre o conceito da palavra experiência: belas produções universitárias. Deixo aqui, a vcs, minha enorme alegria por saber q vcs estão confortáveis e felizes vivendo suas experiências lusitanas. E mais: minha alegria se estende ao fato d q podemos, aqui do outro lado do atlântico, experenciar com vcs as sensações suscitadas do gosto do bacalhau e do sabor do vinho portugueses. Grande beijo. Thaís Guerra
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