quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que é ser Peregrino?

Vida de peregrino é assim: uma vez peregrino, sempre peregrino. Foi com essa ideia na cabeça, mas sem uma câmera na mão, que eu e Cláudia passamos algumas horas (boas, diga-se) dialogando. Mas, o que é ser peregrino? Vamos a algumas ideias “achadas”:


- O Peregrino é praticamente um caracol: carrega sua “casa” nas costas;
- O Peregrino é auto-didata: aprende qualquer coisa;
- O Peregrino é irmão: não importa quem seja, sempre ajuda;
- O Peregrino é médico: cura desde bolhas até graves contusões;
- O Peregrino é psicólogo: pratica sessões de terapia com qualquer pessoa;
- O Peregrino é muquirana: não gasta um centavo a mais (até mesmo, porque não tem...);
- O Peregrino é uma pessoa feliz: sempre chega onde deseja;
- O Peregrino é teimoso: não descansa até chegar;
- O Peregrino é centro das atenções: tem sempre alguém tirando fotos dele, pois é atração turística;

El Peregrino by www.caricaturaschanantes.com/el-peregrino, acessado em 24/jun/2010

Enfim, o Peregrino é um MONTE de coisas. Na realidade, após o diálogo que tivemos, conseguimos compreender um pouco mais sobre “ser peregrino” - notem que, mesmo nós, não conseguimos definir exatamente...


O Peregrino, em verdade, é uma metáfora daquilo que deveria ser a vida: acordar, caminhar e chegar. Suas únicas tarefas durante o percurso são: encontrar, ajudar, criar, aprender e amar.


Como diria um grande filósofo (tio meu): é simples, a gente que complica...

Uma(s) história(s)...

Recentemente recebi um link para um vídeo formidável do YouTube no qual uma contadora de história, na história que conta, diz do risco de contarmos uma "única história" (para quem quiser conhecer, eis o link no YouTube e também o do texto em português disponível na net (clique aqui).
E fiquei 'a pensar' que existem mesmo inúmeras formas de se contar uma história e também muitos conteúdos que nela podem emergir e dela podem se suprimir, porque é sempre uma história com os olhos e ouvidos (e sentidos) de quem a conta. Mas não a única.
E fiquei 'a pensar' que as histórias que contamos - ora 'só' o Fabio, ora 'só' eu, ora 'a gente' - é uma história. Mas não a única.
Fiquei imaginando quantas histórias outras ainda teríamos para contar e partilhar, quantas versões da mesma poderíamos fazer e quantas perspectivas diferentes poderíamos dar. E... quantas vocês, leitores - e participantes disto - a partir do que contamos, também podem contar...
Representa um amplo horizonte de possibilidades a explorar!!
Aliás, lembrei-me agora de um outro link muito interessante em que se conta uma história com fotografias... Clique aqui para ver.

Beijos, Claudinha

domingo, 20 de junho de 2010

Acontece cada uma...

Acontece cada coisa com a gente, que parece mentira... Dessa vez, uma despretensiosa visita à Casa do Brasil em Lisboa, rendeu um encontro com o embaixador do Brasil em Portugal e, não bastasse, também rolaram beijinhos e fotinhos com a Dilma Roussef! Isso mesmo, a candidata à presidente.
Ontem no meio da tarde, recebemos um telefonema do Antonio, um amigo brasileiro que mora ao lado de casa, perguntando se gostaríamos de ir até a festa de inauguração da nova sede da Casa Brasil de Lisboa. Como eu e Cláudia somos duas pessoas ocupadíssimas, consultamos nossa agenda e confirmamos presença.
- Nunca havia ouvido falar nesta tal casa. Pesquisei no atual “Pai-dos-burros” (Google) e descobri seu site: http://www.casadobrasil.info/. Deem uma “xeretada”...
Pegamos o comboio (trem, para quem não sabe...) e fomos. Ao chegar, notamos que o clima era de apreensão: todos estavam na porta, aguardando sei lá o quê. Ficamos por lá, também apreensivos, para dar uma força à multidão de 10 pessoas. De repente, na esquina, surge uma outra multidão, saindo de seus carros oficiais. Adivinhem quem era?! A Dilma e seus colegas de auditório! Em clima de campanha, é lógico, cumprimentaram todos. Exceto a nós, pois estávamos meio esfarrapados (não fomos de terno e gravata...) e subiram. E nós? Fomos na cola, na lanterninha, para tentar chegar, pelo menos, aos comes-e-bebes. Depois de muita luta, entramos no salão onde aconteceria a cerimônia. Cadê a mesa de comida e bebida? Ta lá, apontei. Chegamos. Lá, percebemos que os convidados não deviam comer há dias! Era só trazer a bandeja com salgadinhos e, 1 minuto depois, já estava limpa. Nem precisava lavar! Também havia, assim que chegamos, mais de 5 garrafas de vinho. Quinze minutos depois, ainda havia as mesmas garrafas, porém, bem mais leves... Foi um sucesso! Hehehe
Não me aterei aos discursos, pois foram, simplesmente, discursos. Teve até (merecido, é claro), 1 minuto de silêncio em homenagem ao Saramago, cujo corpo estava sendo velado há alguns quarteirões dali. Após todo este ritual, nos aproximamos da Dilma, com o Antonio puxando a fila, e pedimos uma foto! Ela gentilmente nos concedeu, apesar dos gritos de um “sei-lá-quem” que queria iniciar outro ritual... Coisas de “xupins”... Mas, ao final, tiramos. Ou achamos que tínhamos tirado... Percebemos que a máquina do Antonio (diga-se celular) não funcionou... E agora? Pedir novamente? Caramba! Porém, neste momento dúbio de nossas vidas, surgiu a figura mais que destemida de minha esposa! Tomou a dianteira, e foi lá! Ela e o Antonio (ele já estava lá, a dúvida foi só minha...)! Conseguiram!

Depois disso, a festa transcorreu tranquilamente. A Dilma carregou até criancinha no colo... A Cláudia e eu fizemos fomos convidados à fazer algumas declarações à Casa do Brasil e à Dilma. Enfim, foi bem legal. E diferente!
Para terminar o dia, já que nos dirigíamos a pé para tomarmos o comboio de volta para casa, e no caminho havia a Câmara Municipal de Lisboa, fomos render homenagens ao Saramago, passando diante de seu ex-corpo.
Em tempo: a foto com a Dilma teremos de deixar para depois: está na máquina do amigo do Antonio. Até lá, espero que fiquem apreensivos. A ironia disso é que, mesmo aqueles que não votarão nela, estarão também ansiosos por vê-la! Hehehe

Beijos

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nossos mais que amigos Australianos

Vocês já devem ter percebido, pelas fotos, vídeos e alguns de nossos relatos, que tivemos companhia em nossa epopéia. Sim, tivemos! E que companhia! Estas 3 pessoas maravilhosas, e nós, formamos uma caravana interessante, para não dizer peculiar... Foi assim:

Ao final do 2º dia de marcha, chegamos ao primeiro albergue oficial do caminho português: São Pedro de Rates. Esta pequena vila, situada há mais de 40 km de Porto, pode ser pequena, mas tem muita história! Sua fundação data do século X e Thomé de Sousa, fundador da cidade de Salvador, na Bahia, nasceu aqui! Além disso, todo seu centro histórico fazia parte de um monastério. Enfim, uma vila com bastante história e muito “simpática”!

Foi aí, neste albergue, que nos conhecemos. Ao final da tarde, após eu e Cláudia voltarmos com a “pança piena” (havíamos comido uma pizza!), entramos no albergue e demos “de cara” com eles. A primeira pergunta deles para nós: não há água quente para tomar banho? Daí para frente, fomos descobrindo as pessoas fantásticas que são: caminhamos juntos até o final!

O casal, Ian (leia-se ian) e Sandra, é uma figura! Os dois adoram conhecer lugares novos, desde que não sejam tão turísticos (como eu e Cláudia também adoramos!). E, se for de mochila nas costas, melhor ainda! Em muitas de nossas conversas, o tema inicial era o Nepal, onde fizeram uma incursão, a pé, de vários dias! Deve ter sido sensacional! Quem sabe, um dia não fazemos também?

O sobrinho deles, Andrew, estava ali para começar a ter casos para contar: é a primeira viagem dele para fora da Austrália (é claro que os tios quiseram acompanhar). Ele preparou-se por 1 ano e meio para vir para cá: trabalhava em 3 empregos ao mesmo tempo! O garoto vai longe! Gostamos muito dele!

O cuidado que a Sandra e o Ian têm com ele é de se mencionar: tratam-no com tanto carinho que é bonito de se ver. Ela, Sandra, tem uma visão muito romântica deste acontecimento na vida do sobrinho. Sabe que, a partir de agora, o Andrew provavelmente nunca mais volte a morar na casa dos pais. O cordão fora rompido. Sabe que, desde o início da viagem, ele deixou de ser o filho para se tornar, de fato, o condutor de seu destino. Foi muito bonito! Emocionante até!

Nos despedimos de Ian e Sandra antes de nos despedir de Andrew. Eles foram embora um dia antes que nós, para continuar suas aventuras nas Astúrias. Ele, o ex-garoto, ficou mais um dia em Santiago conosco (e outras meninas que conheceu por lá, é claro...). No dia seguinte, tomamos o ônibus de volta para casa. Porém, 2h antes disso, abraçamos o Andrew e nos despedimos ali mesmo na rodoviária, pois ele também tomara um ônibus para seu destino. Ficamos emocionados, pois sabemos o que esta viagem representará para ele, até o final de sua vida!


Beijos

segunda-feira, 14 de junho de 2010

As festas de Lisboa - apenas um desvio no percurso


Pessoal, as crônicas e posts a respeito dos personagens e “causos” do caminho de Santiago não pararam. Iremos fazer apenas um desvio no trajeto, afinal, a vida não para... Além disso, o acontecido merece a nota!


Retornamos à nossa querida casinha numa época muito especial para a cidade de Lisboa. Para quem não sabe, Santo Antonio de Pádua, o santo casamenteiro, nasceu aqui mesmo, por volta de 1200. E, como dia 13 é o dia dele, imaginem como estava a cidade! É uma coisa indescritível o que os lisboetas (alfacinhas, para os íntimos) organizaram! Desde maio, a cidade está recheada de eventos: bailes, arraiais populares, festivais de todo o tipo. O ponto alto de tudo isso foi neste final de semana, obviamente no dia de Santo Antonio, ou melhor, na noite que antecede seu dia.


Neste último sábado, 12, aconteceram por toda a cidade, além dos eventos de praxe (mostras, festivais, feiras etc.), os Casamentos de Santo Antonio, os Arraiais Populares e o desfile das Marchas Populares. Estes três eventos bastariam para colocar Lisboa na agenda de qualquer pessoa que pretenda viajar pela Europa nesta época!


Os casamentos de Santo Antonio são uma cerimônia coletiva, onde apenas alguns casais são escolhidos, a princípio pelo critério financeiro, e são realizados desde 1958. Houve anos em que não se realizou, mas a câmara municipal da cidade abraçou a causa, junto a alguns parceiros, e oferecem TUDO aos noivos. TUDO mesmo... Tem até transmissão ao vivo pela TV!

Os Arraiais são muito parecidos com os nossos, diferença que eles acontecem por toda a cidade e, no centro histórico, fecham-se as ruas para que eles tomem conta do espaço (todo ele, diga-se de passagem). De qualquer maneira, havia uma característica comum a todos: a sardinha na brasa. A cidade INTEIRA fica com cheiro de sardinha. É impressionante! Voltamos defumados para casa... (claro que provamos uma).


Já o desfile das Marchas Populares é um evento a parte: fecha-se a principal avenida de Lisboa – Av da Liberdade, e, ao longo dela, desfilam blocos de cada freguesia da cidade. Cada um deles tem sua própria bandinha, e todos seus integrantes veem devidamente fantasiados, carregando adereços e, é claro, cantando a marchinha. A torcida, espalhada ao longo da avenida (ou melhor, enlatada – haja gente!!) pode assistir ao desfile de graça! A organização contou com arquibancadas, a cada 100 metros, e também com a magnífica ideia de distribuírem banquinhos (de papelão, montados por você mesmo...) para aqueles que não conseguiram chegar tão cedo assim (nosso caso).


O banquinho: tem até furinho para ver o desfile... hehehe


Um videozinho, tremidinho e embaçadinho, só para deixar vontade de ver ao vivo:


A participação popular foi intensa: todas as “tribos” estavam representadas. Não vimos brigas, desavenças, falta de respeito etc. Tudo estava civilizadamente no lugar, com uma organização impecável. Não nos importamos, ao final, com nosso cheirinho de sardinha - estou pensando até em colocar uma churrasqueira na varanda para assar algumas... Quem sabe?!

Pensa em viajar pela Europa em junho? Lisboa é parada obrigatória!!

Beijos

domingo, 13 de junho de 2010

Homenagem às Setas-amarelas

Agora eu entendo: para que levar um livro-guia? Nem era preciso!

Ao começar, eu e Cláudia achávamos que teríamos vários problemas com indicações erradas, desvios não descritos etc. Porém, quis a Providência que alguém, há muito tempo atrás, tivesse a simples ideia de pintar setas amarelas ao longo do caminho. Não importando onde, nem a forma, a verdade é que as setas funcionam mesmo! Nem precisa comprar o guia!! Falo sério!! Ele só saía do bolso para saber onde havia um café ou restaurante. Fizemos todo o percurso seguindo, ou melhor, sendo levados pelas setas! Fiquei apaixonado por elas... Simples, porém, eficientíssimas!

Estavam lá tanto nas horas de agonia (um entroncamento perigoso), quanto nas horas mais tranquilas (nas longas retas sem cruzamento). Era só segui-las. O único padrão que tinham era a cor: todas exatamente do mesmo tom. Um amarelo-gema, embora chamativo, elegante. E como eram carismáticas! Não podia ficar sem vê-las que já sentia falta. Às vezes elas brincavam de esconde-esconde, mas, era só para descontrair. O importante é que, até o final, elas estavam lá!
Entretanto, é bom avisar a vocês que as setas possuem mais de uma personalidade: em Portugal, eram muito prestativas e ficaram ao nosso lado por todo o percurso. Bem ao estilo português. Na Galícia, elas “estufaram o peito”, “encheram-se de si”, e apareciam só na última hora. Inclusive, a partir de determinado trecho, até o tom de amarelo mudou: quase fosforescente.
Fizemos um clip em homenagem à elas. Apertem o "play" e divirtam-se!

Viva as setas amarelas!!
Beijos

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Holandês

A caminhada já acontecia há alguns dias. Havíamos encontrado algumas figuras pelo caminho e, o mais interessante, é que sempre éramos os mais jovens!! Havia pessoas de todo jeito: as metidas à galã; as metidas à sabichões; as tranquilas. Enfim, uma “sopa de Darwin”. Porém, uma delas excedeu TODAS as expectativas!


No primeiro albergue espanhol, na cidade de Porriño, encontramos um holandês, do tipo armário (era mais fácil pular do que dar a volta...), carregando um saco gigante e uma jaqueta de inverno para dentro do quarto. Cara “bolachuda”, de tão redonda que era, portava um “belo” cavanhaque e usava óculos. Enfim, uma figura. No início, não demos a devida atenção, afinal, cada um faz o caminho da maneira que bem entende. Porém, um pouco mais tarde, o Ian, nosso amigo australiano, disse que conversou com ele e, acreditem, ele não estava fazendo o caminho de Santiago. Na verdade, segundo contou-nos depois o próprio Holandês, ele havia feito uma aposta com seus 3 irmãos: chegaria na fronteira da França (não sei o que ele estava fazendo ali...) sem gastar um centavo sequer! Se conseguisse, cada irmão daria 1.000 euros!


Foi interessante acompanhá-lo, pois se hospedou em todos os albergues do caminho. A rotina diária consistia em, pela manhã, se “instalar” na porta de um grande mercado para mendigar e, quando estava satisfeito, ia para a cidade seguinte - de ônibus ou de trem (a barriga dele não deixava dúvidas). Em Redondela, cidade cujo albergue fica em uma torre medieval, ele mendigou em frente a um super-mercado com a seguinte placa: “peço para não roubar”. Não sei se fez sucesso. Mas, de qualquer forma, estava ele ao final do dia bebendo sua cervejinha. Aliás, era o que ele fazia ao final de todos os dias: beber MUITA cerveja. Em Pontevedra, uma das cidades do caminho, cheguei a vê-lo tomar 4 latas de 500ml, uma após a outra... E queria mais, pois veio me pedir uns trocados. Disse-lhe que se quisesse água compraria, cerveja não!


Após Padrón, última cidade antes de Santiago, perdemos contato. A última notícia foi que havia encontrado um patrício e, juntos, estavam pedindo esmola (daqui a pouco, devem fundar uma cooperativa, hehehe!). Durante o tempo em que o acompanhamos, percebemos que a história não era verdadeira (aposta com irmãos), apesar de ele não ter desmentido. Mas, não importa. Ele era (ou ainda é) boa gente. Segundo ele, chegou até a trabalhar em Araçatuba/SP: fez a tradução do manual de um aparelho de ultrassonografia.


Um detalhe que só agora me dei conta é que não sei seu nome, não sei sua cidade de origem, nem qual caminho iria fazer. Talvez, tenha sido uma das lições do caminho: não importava quem era a pessoa, de onde vinha, para onde ia. O que importava é que éramos companheiros de jornada. Isso bastava.


Beijos


Em tempo: conseguimos uma foto do sujeito. Agora, fica para vocês identificarem quem é o "holandês-bebo-todas" e quem é seu partner... facinho, facinho...

O diário de um dia... outra versão

1º dia - 25/maio
Saída: sé catedral do Porto
Chegada: Vilar do Pinheiro
Percurso: 18 km (mais ou menos)

O que dizer?
Estou EXAUSTA! Não sei se vou conseguir chegar até o final...

O que vi?
Hoje vi belas paisagens: muitas flores, em especial, as hortências e as rosas; becos e ruas medievais; painéis de azulejos portugueses; muros e casas de pedra. Também há trechos em que a fotografia não é agradável aos olhos como zonas industriais e trecho de estrada em que os motoristas dirigem em altíssima velocidade e a gente caminhando no "acostamento".
Não encontramos nenhum outro peregrino pelo caminho.

O que senti?
Satisfação e alegria por viver isto e, ao mesmo tempo, senti o desafio no corpo: lombar, pés e ombros doloridos. Dor durante o percurso por causa do peso da mochila. Cheguei ao destino esgotada fisicamente, sentindo dores pelo corpo.

Por que estou vivendo isto?
Por superação. E também, por desejar evoluir como humano que sou, ainda que infimamente. E, por desejar fazer um percurso que tantos 'caminhantes'/'peregrinos' fizeram desde há muitas e muitas centenas de anos.

Mas... será que chegarei ao fim?

O diário de um dia

Como expliquei em post anterior, escrevemos apenas o 1º dia em nosso "diário". Não sei por que, mas, não tivemos vontade de continuar... A vivência com outras pessoas, e o descanso, eram bem mais importantes. Mas, fiquem tranquilos, pois lembramos de todas as histórias (como esquecê-las?!) e as colocaremos aqui. De qualquer forma, temos o 1º dia já escrito. Espero que gostem desta primeira etapa! Divirtam-se!








Nosso primeiro dia:

O início, como todos os inícios que conheço, trata-se do começo. É claro! Mas, não só, pois traz também o antes-do-início: pesquisa, curiosidade, vontade, dúvidas, mais pesquisa... A única coisa que é comum ao antes-do-início e o início, que eu me lembre, é o "frio-na-barriga". Enfim, começamos.


Em frente à Sé do Porto, cercados de vento, muito vento, e alguns turistas franceses, demos o primeiro passo (não contei quantos foram até o final, é claro...)*. Guia na mão, mochila nas costas, nuvens carregadas no céu, agradecemos ao Nosso Pai e... fomos... encontrar as setas amarelas. Todo o caminho é marcado por elas. E, o mais impressionante, já havíamos estado nos locais onde elas estão e nunca as havíamos visto! E são tão "discretas"... Prova de que só vimos aquilo que queremos. Essa foi a 1ª lição do caminho.


Nesta primeira etapa, de Porto à Vilar do Pinheiro, fizemos 18 Km, dos quais 15 foram em meio urbano. Chegamos ao "albergue" (na realidade, trata-se de um hotel "chinfrim") facilmente: fomos "carregados" pelas setas amarelas! Praticamente há uma a cada 150 metros. A chuva, como prevíamos, caiu pesada. Mas, demos conta dela: ficamos embaixo da marquise de um prédio até ela acabar. O que levou 15 minutos. Além dela, também deram as caras o sol e as pedrinhas, que insistem em entrar no tênis.


Nosso destino desta etapa (Vilar do Pinheiro) é uma pequena vila com um povo muito acolhedor: logo à entrada, adentramos num café para pedir informação e o dono parou o que estava fazendo, nos acompanhou até o lado de fora e nos indicou o caminho. À noite, no restaurante, o pessoal não fugiu à regra (nossa comida esfriou de tanto que conversamos!). A moça que nos atendeu queria saber tudo do caminho, pois, disse ela, só passam por lá peregrinos que não falam português! - à propósito: comemos um robalo à manteiga e tomamos um belo vinho branco (da casa, é claro...).


Amanhã, continuaremos caminhando, de corpo e mente abertos. Coração idem. Vamos em frente! Próximo destino é São Pedro de Rates, à 20Km daqui.


Que assim seja!


Beijos




*nota do narrador após terminada a empreitada

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Contra imagens não há argumentos!

Caminhando no bosque

Também temos direito ao descanso...

Pra não dizer que SÓ falei das flores...

Conforme prometido, voltamos!


Estamos de volta de Santiago de Compostela! Foram 12 dias inesquecíveis! Vivemos intensamente cada segundo. Parecia que tudo estava definido: sabem aquela sensação de que você está no lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa certa? Foi isso, e MUITO mais! Vivemos, respiramos, presenciamos, compartilhamos, nos irritamos (sim, é claro!), praticamos paciência. Enfim, foi uma vida dentro de outra vida.

Temos várias histórias para contar. Esperamos colocá-las aqui o mais breve possível para que vocês possam curtir conosco. Um fato interessante é que estávamos prontos para escrever nosso diário, porém, o fizemos apenas no 1º dia. Não tivemos mais vontade e/ou necessidade de fazê-lo nos dias seguintes. Não sei por que, mas a verdade é que tenho em minha memória TODOS os acontecimentos. Foi realmente marcante!


Beijos