quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A lenda


Estamos há mais de 8 meses nestas terras e, até agora, não falamos de um dos símbolos lusitanos. E vocês, deste lado daí, nem notaram... Ou não quiseram nos preocupar com o fato óbvio: escrever sobre o bacalhau!



A pergunta não cala: afinal, bacalhau tem cabeça?! A resposta é surpreendente!

Mas, antes, devo avisar que este texto tem como base nossa experiência gastronômica local e, também, a visita ao museu marítimo de Ílhavo (vale a visita), além duma apresentação sobre o assunto criada por Ney Deluiz (não o conheço...), que meu tio Dario (sem acento na escrita, porém com acento na pronúncia...) nos enviou por email. Portanto, diria eu que em parte das fontes é possível confiar. Na outra, acho que também...

Voltemos. Sim, o bacalhau não só possui cabeça, como possui várias! Explico: existem vários tipos de bacalhau - segundo os entendidos existem 5 espécies! Incrível não!? E nunca havíamos visto a cara deles... Já havia virado "lenda urbana"...

Mas para chegar a isso, antes foi preciso pescá-los. E aí podemos entrar, mesmo que de "raspão", numa das mais bonitas histórias que eu conheci, a dos pescadores.

Os pescadores portugueses lançavam-se aos mares gélidos da Groenlândia e adjacências, chegando até à costa do Canadá (Noruega era fácil demais...) em embarcações que fariam os Grael pensarem 2 vezes antes de subir a bordo. As condições eram MUITO precárias. O navio se dirigia até o ponto escolhido e lançava os pescadores, cada qual num barquinho de 5 metros de comprimento (chamados Dóris), que se distanciavam à procura do bacalhau, e só voltavam cheios. Puxavam os peixes na linha, nada de rede! E, para aqueles que só andam com ar-condicionado do carro ligado, acham que consultavam a previsão do tempo antes de partirem nos seus "botes"?! Muitos não voltavam... Foram anônimos que, pelas condições e por aquilo que representam ao país, são heróis!


O museu marítimo que citei acima é uma contribuição singela à sua memória (acharão bastante informações lá). E preciso citar outro detalhe que contribui para o drama da história: não bastasse as condições de trabalho, em determinada época eles foram explorados até a última gota - sobre isso, transcrevo trecho escrito por Álvaro Garrido (veja a íntegra aqui)

"Com a criação do GANPB, a 23 de Novembro de 1935, velhos
hábitos mudaram. Depois de muitas gerações partirem para os mares da Terra Nova
e da Gronelândia, sempre ansiosos, mas com a confiança de que passariam os
longos meses de campanha no navio a que estavam habituados, entre conhecidos e
sob a orientação de um capitão que, em muitos casos, os tinha escolhido
pessoalmente para a sua tripulação, as regras alteravam-se para essa
campanha."

Enfim, uma história bonita demais.

Aos vencedores, os bacalhaus!!
Beijos

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