A maioria já está avisada, e, para quem não está, avisamos: há algum tempo conhecemos um casal, por acaso, no Capuccinos (café que frequentamos, cujos donos são dois brasileiros, de Dourados(!) - é uma história que precisaríamos contar, também...). Depois do primeiro encontro, nossa amizade foi crescendo, cada vez mais, apoiada nas coincidências dos valores morais e éticos, e maneira de lidar com a vida. E, para ajudar mais ainda, eles são nossos vizinhos! Enfim, são nossos GRANDES companheiros d'além mar: Alessandra e Antonio. Mas, isso fica para outro post... A apresentação serve para introduzir a história que relato abaixo.
Combinamos, há algum tempo, de passearmos juntos durante um final de semana. E deu certo neste. Até que enfim! Nada longe demais, apenas o suficiente para conhecermos melhor alguma outra região/cidade. E escolhemos Monsaraz. Nós - eu e Cláudia junto com a Márcia - já estivemos por lá, na volta da Espanha. A passagem foi rápida, mas, suficiente para deixarnos com vontade de voltar. Eles, nunca haviam estado lá.
Colhemos informações básicas sobre o lugar e região: vários monumentos milenares de pedra (com mais de 3.000 a.c.); o maior lago artificial da Europa; centro Oleiro (cerâmica) de Portugal; Rota do vinho alentejano(!). E outros montes de coisas... Uma das que chamou nossa atenção (na realidade, da Cláudia a princípio) foi uma apresentação de títeres tradicionais do Alentejo (similares a marionetes) que aconteceria na vila de Rosário, sábado à noite. E por quê? Porque era uma tradição perdida há anos, e resgatada há pouco tempo. E fomos vê-la. Nossa vontade de conhecer um pouco dos costumes do povo do Alentejo concretizou-se ali!
Foi razoavelmente difícil achar o local - no meio de uma região pouco habitada, à noite e durante o inverno. Resultado: não havia ninguém na rua para nos dar informação. Quando achamos, descobrimos não haver nada para comer - só havia bebidas. E estávamos com fome (principalmente o Antonio)!! Perguntamos para o dono do bar, que nos indicou um restaurante, o único que poderia estar aberto àquela hora. Encontrarmos fácil (a vila é minúscula), porém, ali também não tinha nada de comer... O que fazer? O Antonio estava verde de fome, e eu também... Títeres ou comida?
- Comida a gente vê todo dia, mas, esta apresentação...
Falou mais alto, mesmo, a oportunidade. E voltamos ao centro recreativo de Rosário.
Não sei se foi sorte ou a Providência. Mas, assim que chegamos ao centro recreativo, vimos um aglomerado de pessoas em volta de uma Van: era um vendedor de guloseimas!!! Simplesmente parado ali, em frente ao "ginásio", estava vendendo doces - a maioria do cardápio - e pães de chouriço! Não tivemos dúvida: pão de chouriço "na cabeça"!
- Quantos tem?
- Três.
- Não tem mais. (eram pequenos)
- Tome estes, que vou até em casa buscar outros.
E aconteceu: compramos os três. Entramos no bar, pedimos uma garrafa de vinho, repartimos os pães (com a mão) e, minutos depois, já com os pães acabados, chega ele novamente. Mandamos os outros três para baixo - e mais dois pastéis de nata e um doce típico da região (não lembro o nome).
Depois foi só assistir ao show. Ou melhor, ESPETÁCULO! Imaginem a atmosfera daquele lugar, onde cinema só existe em sonho, e o total de habitantes não deve chegar à 1500. Era o acontecimento do ano! Estavam todos lá!
Foi MUITO especial. Inesquecível! Nos temas da apresentação conseguia-se notar as sutilezas "psicológicas" e comportamentais: Adão e Eva; Caim e Abel; sexo com animais; festas e danças típicas; alcoolismo; violência doméstica; etc. Foi uma noite para gente simples e feita por gente simples. Nós, os únicos "intrusos", tivemos o privilégio de presenciar aquilo tudo, e fomos simplesmente surpreendidos com o que vimos e sentimos. Porém, tenho certeza que também pegamos eles de surpresa!
Beijos
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